André Sandins
Na época da ‘chamada’ ditadura…
Mas, não podíamos falar mal do presidentePodíamos ter o INPS como único plano de saúde sem morrer a míngua nos corredores dos hospitais.
Mas não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos comprar armas e munições à vontade, pois o governo sabia quem era cidadão de bem,quem era bandido e quem era terrorista,
Mas, não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos paquerar a funcionária, a menina das contas a pagar ou a recepcionista sem correr o risco de sermos processados por “assédio
sexual”,
Mas, não podíamos falar mal do Presidente.
Não usávamos eufemismos hipócritas para fazer referências a raças (ei! negão!), credos (esse crente aí!) ou preferências sexuais (fala! sua
bicha!) e não éramos processados por “discriminação” por isso, Mas, não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos tomar nossa redentora cerveja no fim do expediente do trabalho para relaxar e dirigir o carro para casa, sem o risco de sermos jogados à vala da delinqüência, sendo preso por estar “alcoolizado”,
Mas, não podíamos falar mal do Presidente.
Podíamos cortar a goiabeira do quintal, enfestada de taturanas,sem que isso constituísse crime ambiental,
Mas, não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos ir a qualquer bar ou boate, em qualquer bairro da cidade, de carro, de ônibus, de bicicleta ou a pé, sem nenhum medo de sermos assaltados, sequestrados ou assassinados,
Mas, não podíamos falar mal do presidente.
Hoje a única coisa que podemos fazer…
…é falar mal da presidente!
Esse texto, mesmo com um tom de ironia, encerra em si uma grande verdade. A de que, no tempo do governo dos militares, havia respeito mútuo entre o estado e a população. O “não podia falar mal do presidente” era apenas no que diz respeito ao ato de caluniar e difamar o chefe da nação, já que, tendo na honra o paradigma de sua conduta, se fazia respeitar em função do cargo que ocupava. Hoje, contrariamente, pode-se dizer de quem nos governa coisas inacreditáveis, que sequer são contestadas, o que faz supor que então, são verdadeiras. O ACM chamava o Lula de Ladrfão e o Bolsonaro chama a Dilma de assaltante, mas nenhum deles foi instado a depor, para provar o que afirmavam.
Pois é meu nobre Lino, infelizmente sabemos que nem tudo foi flores nessa época, mas como em tudo o que há no Universo, sempre temos 2 lados, o negativo e o positivo, e realmente essa crônica ilustra muito bem o que tinhamos de mais positivo durante o Regime!