Davambe
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Naquela terra, onde elefante era rei. Lá no sabiá do alto, próximo do moro da chita, o alimento principal era abóbora. Poucos tinham hábito de guardarem sementes para a próxima safra, que nunca tardava em chegar.
Quando isso acontecia começava a busca por elas. O elefante que guardava as sementes estava sempre disponível para vendê-las aos distraídos a um preço acessível para todos. Era terra da abóbora para quê vendê-la caro? Mas naquele ano, justo na época do plantio o elefante começou a negar as sementes. A fazer gracinhas e não vendia mais, se recusava a ceder apesar de vários rogos e solicitações.
– Não vendo mais, disse ele e imediatamente começou a construir galpões para depositar as sementes.
Foi então que a comunidade percebeu a importância de guardar para o plantio. Chovia regularmente e estavam diante do dilema da falta do que semear.
– Esse cara é chato mesmo, nunca gostei dele, comentou o Jacaré.
– Sabe duma? Perguntou a gazela.
– Que carestia é essa, meu Deus, Acrescentou a búfala.
– Pois é, dizem que o senhor elefante está a esconder abóbora para elevar o preço.
Os comentários sobre a ausência de abóbora começaram a ocupar a população animal. Só se falava de abóbora e sua ausência. Enquanto isso o elefante construía mais galpões para esconder as abóboras.
– Vamos organizar uma greve, sugeriu o Leopardo, que estava assustado ao ver seu pagamento virar pó. Já que começou a se praticar uma espécie de candonga. Todos estavam dependentes da abóbora. Ninguém conseguia viver sem. Recorriam ao mercado alternativo que se aproveitava dessa carestia para faturar alto.
– Ferrou! Comentava o tigre.
– Deixa disso, é possível viver sem abóbora.
– A nossa força é igual a do vento, disse o sapo.
– Eh, vamos cruzar os braços, comentou o tamanduá.
Os animais da floresta se reuniram para cruzarem os braços. Não queriam trabalhar para o Elefante Cinzano sonegador de abobora. Mas o Elefante não deu ouvido. Começou a fazer lista dos grevistas e a demiti-los.
– Por que só o elefante guarda as sementes? – Perguntou o filhote de Leopardo que andava de um lado a outro.
– Eh, detesto esses monopolistas, concluiu o tamanduá.
Mas alguém os lembrou de que as sementes estavam para todos os que decidiram guardar para aquela época, que ninguém se importava em guardar na abundancia.
– Essas sementes pertencem aos trabalhadores.
– Pertencem a todos nós, trabalhador ou não.
Os elefantes ao perceberem a concentração de animais, encheram as trombas com água e saíram a dispararem jatos de água.
Vendo os problemas que cada dia surgiam os animais contratam o hipopótamo para intermediar na negociação. Assim, o Elefante estabeleceu o contrato de comercialização a um custo exorbitante e todos os interessados passaram a comprá-los do hipopótamo. A partir de então, começaram a guardar as sementes.
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Davambe é consultor de TI, mais de 25 anos de experiência em TI, Professor, Escritor, Autor dos romances: O Segredo da Felismina, Tanto Lá Quanto Cá e a Sereia de Tupa.
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Até memso no conto de fábula aparece a exploração, a manipulação, a concentração de poder, assim como entre os humanos do capitalismo.
Excelente.