André Trigueiro

A seguradora Swiss Re divulgou recentemente um estudo sobre as catástrofes naturais e também aquelas provocadas pelo homem ao longo de 2009 em todo o planeta. Os números são instigantes: houve 133 catástrofes naturais e 155 causadas pelo homem, com 15 mil vítimas fatais e U$ 62 bilhões de dólares em prejuízos. A tabulação dos dados não compreendeu os estragos causados pelos recentes terremotos registrados no Haiti e no Chile. O interesse das seguradoras em divulgar essas informações é evidentemente comercial. Quanto mais o mundo parecer hostil ou ameaçador, maior a importância de se fazer seguro.

Aos espíritas, cabe a devida contextualização desses episódios lamentáveis, a fim de que se perceba com maior lucidez o que de fato acontece, e por quê.  Em mensagem psicografada por Divaldo Pereira Franco no dia 30/07/2006, no Rio de Janeiro, Joanna de Ângelis nos trouxe a seguinte informação: “Opera-se, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e confirmada pelo Espiritismo. O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral”. Entre outras considerações importantes, Joanna lembra que a melhor maneira de compartilhar conscientemente da grande transição “é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto”. Assim, é forçoso reconhecer que a vibração do planeta está se modificando para melhor acolher esta nova civilização, mais ética e moralmente mais elevada. Todos possuímos excelentes oportunidades na presente encarnação de planejarmos melhor o uso do tempo, o emprego de nossas energias e disposições em favor do aprimoramento íntimo, da nossa própria evolução moral.

Cabem aqui algumas reflexões sobre a onda catastrofista que arrebata certos segmentos religiosos e até mesmo da mídia. Não é de hoje que se apregoa o fim do mundo, e o alarmismo em torno do assunto ajuda a vender jornais e a arrebatar mais fiéis entre aquelas correntes de fé que se esmeram em doutrinar pelo medo. Se é fato que sempre houve terremotos – pois que a Terra sempre registrou abalos sísmicos em suas entranhas no movimento incessante das placas tectônicas – também é verdade que somos a cada dia mais numerosos e ocupamos extensas áreas do planeta onde até há bem pouco tempo não havia ninguém. E registramos com muito mais facilidade – basta ter o telefone celular à mão para transmitir fotos ou filmes – esses cataclismos. A sensação de que há mais terremotos agora tende a ser objeto de questionamento por esses motivos. Mas é fato que os mesmos terremotos de sempre estão ceifando mais vidas, e que, para os espíritas, as desencarnações coletivas obedecem às injunções da Lei .

Também não é a primeira vez que o clima do planeta se modifica. Já tivemos várias glaciações e períodos de maior concentração de C02 na atmosfera. Ocorre que esses ciclos naturais de esfriamento e aquecimento da Terra aconteciam em intervalos de tempo muito maiores, de milhares e milhares de anos. O que uma numerosa corrente de cientistas tem demonstrado é que a Humanidade tem contribuído efetivamente para o agravamento do efeito estufa através da queima de combustíveis fósseis, desmatamentos, manejo inadequado do lixo, produção de cimento, etc.

O risco que corremos nessa “grande transição” é o de deixarmos como legado de nossa passagem pelo planeta – além do agravamento do efeito estufa, a redução dos estoques de água doce e limpa, destruição das florestas, descarte de toda sorte de resíduos em escala monumental, licenciamento de produtos geneticamente modificados sem as devidas pesquisas, desertificação do solo,etc –  marcas terríveis que serão lembradas por aqueles que vierem habitar o chamado “mundo de regeneração” e sofrerão seus efeitos. Eventualmente, nós mesmos, em encarnações futuras. Ou seja, não é inteligente – seja no plano individual, seja na esfera coletiva – atravessarmos essa “grande transição” ignorando a parte que nos cabe na construção de um mundo sustentável.

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André Trigueiro é jornalista com Pós-graduação em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ, Professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC/RJ, autor do livro Mundo Sustentável – “Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em transformação” (Editora Globo, 2005), Coordenador Editorial e um dos autores do livro “Meio Ambiente no século XXI”, (Editora Sextante, 2003).

André Trigueiro gentilmente cedeu alguns artigos de sua autoria para serem publicados no Gibanet.com, mas infelizmente, pelo menos por enquanto, não é colunista oficial deste blog.

 

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