As tentativas de greenwashing mostram como o consumidor tem criado demandas cada vez maiores na hora consumir
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Marcela Butros
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O termo greenwashing ou banho verde indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de algumas empresas, mediante o uso do marketing para camuflar processos que na verdade não respeitam o meio ambiente.
Não é sempre que o universo da moda feminina está presente nos noticiários de maneira positiva, no entanto, recentemente, uma das maiores varejistas de moda acessível no Brasil anunciou que 100% dos seus jeans são fabricados com algum atributo sustentável. Atributos estes que podem variar entre a fabricação feita com algodão responsável, reciclado vindo da reutilização de fibras descartadas ou com redução do consumo de água na produção da peça.
Notícias assim inspiram profissionais e consumidores, além de renovar a esperança em práticas mais justas de produção – com as pessoas e meio ambiente – vindo de um setor que há tempos sofre de acusações graves de práticas ilegais que vão desde uso de mão de obra escrava e poluição.
A notícia alegra a população que tem um olhar mais voltado para as causas socioambientais, mas, ao dar uma breve olhada na página do produto, não está claro o que realmente estamos comprando.
Algumas dúvidas surgem. Se uma peça é feita a partir de algodão certificado: qual certificação é essa? de fato esse produto é sustentável?
A comunicação é feita de forma muito rasa, utilizando várias siglas, não fica claro para o consumidor o que torna aquele produto sustentável, não existe uma métrica que o consumidor possa se balizar para entender e concluir que está adquirindo um produto sustentável. São tantas siglas, letras, certificações e aquele produto pode ou não ter todas elas.
Indo mais a fundo, pesquisando no site as iniciativas sustentáveis da empresa, nota-se um anúncio grande e chamativo que indica que um de seus fornecedores chega a economizar 11 mil litros de água por mês. Muito interessante, é muita água sendo poupada, mas, quantos litros de água a produção de uma calça jeans utiliza?
Uma pesquisa feita pela Vicunha Têxtil em parceria com o Movimento Portal Ecoera, mostrou que a média fica em torno de cinco mil litros, levando em consideração que a produção de uma calça vai desde a plantação do algodão até a o final do seu processo produtivo, com a calça pronta para venda.
As informações são discutidas e trazidas de uma maneira que o consumidor não tem critério de comparação e na tentativa de fazer uma escolha menos agressiva para o meio ambiente, acaba trocando seis por meia dúzia. E esta é só a ponta do iceberg de um mercado imenso que engloba outros tipos de produtos desenvolvidos com outros tipos de fibras.
O problema não está em uma marca específica e sim, na consciência de todo um mercado fundamentado na baixa transparência entre marcas e consumidores. Dentro desse contexto, acredito que cabe a nós, profissionais da área, atuarmos como agentes de mudança e esquecer essa história de que tudo tem que ser positivo o tempo todo, nada na vida é assim. É primordial que a transparência venha primeiro.
Essas tentativas de greenwashing mostram como o consumidor tem criado demandas cada vez maiores para assuntos ligados à sociedade na hora de consumir, é um movimento de mercado promissor, que tem muito o que ser desenvolvido, principalmente com as novas gerações assumindo seu poder de decisão. Basta que as marcas incorporem de fato essas mudanças.
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Sobre Marcela Butros, fundadora da Zili
Estudou administração de empresas na FAAP e foi durante o curso que fez seu primeiro estágio em moda na marca AMAPÔ, localizada no Bom Retiro. Após a faculdade, fez pós-graduação em Marketing e Negócios de Moda pela faculdade ESMOD em Paris, onde viveu por 1 ano e meio e estagiou em empresas locais, como a marca Surface to Air e Maison Rabih Kayrouz.
Na volta a São Paulo, passou por grandes empresas como Grupo InBrands, Luxottica e Grupo Rosset, sempre trabalhando na área comercial, especialmente distribuindo e posicionando produtos made-in-brazil no exterior.
Ativista de várias causas e conhecida por ser excentricamente honesta, na maior parte de sua vida praticou esportes com motivações erradas e não trabalhou em cargos criativos, em ambos os casos sentindo falta e sabendo que em algum momento essa mudança ocorreria.
Após mais de 10 anos no mercado da moda nacional e internacional, juntando motivação de crescimento, desejo e potencial de mudança, nasce Zili: uma mistura de valores, ideais, experiências profissionais, pessoais e paixões.
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Informações à imprensa
Milka Verissimo
milkaverissimo@gmail.com
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