Lino Tavares

                                
    O resultado das urnas, nessas eleições municipais, sinalizou numa direção bastante cristalina em relação à forma de pensar e agir do eleitorado brasileiro, do qual uma boa parcela deixou claro que não está mais disposta a trocar seu voto pelas esmolas sociais e promessas vãs dos usuários da máquina pública, com fins eleitoreiros,  e os vendedores de ilusão. Essa tomada de posição do povão sofrido e enganado teve reflexos diretos naquele partido que um dia autointitulou-se porta-estandarte da ética e, uma vez no poder, a pisoteou como um torcedor que vê seu time rebaixado pisoteia na bandeira do clube.

   A ausência do PT no comando das gestões municipais da maioria das grandes cidades brasileiaras, que iniciam em janeiro, demonstra com clareza que “existe algo pobre no reino desses institutos de pesquisas que conferem índices de popularidade abismais ao ex-presidente Lula e sua substituta no Planalto, Dilma Rousseff”. Mesmo em relação à eleição de São Paulo, em que o apadrinhado de Lula, Fernando Haddad, acabou se tornando vencedor, pode ser dito que o decantado índice de popularidade lulista se projetou de forma acanhada.
   Isso se confirma, considerando que, no primeiro turno da eleição, ainda que com uma margem de votos relativamente pequena, Serra foi o vencedor, o que é suficiente para colocar em xeque a popularidade  atribuída ao famoso “cabo eleitoral de Haddad”, uma vez que,  somados os votos tucanos aos dos demais candidatos não petistas, tivemos um retumbante “não” àquilo que Lula implorava. quase de joelhos,  ao eleitorado paulistano: votar no candidato do PT.
   Afora a eleição paulistana, que foi “a salvação da lavoura petista” nas grandes capitais brasileiras, o que se viu pelo Brasil afora foi os candidatos protegidos de Lula e Dilma – esta última usurpando o cargo de presidente para viagens eleitoreiras a bordo do avião presidencial, que não é dela nem do seu partido, mas de todos nós – foi um rotundo fracasso das tentativas petistas de dominar o Brasil territorialmente, algo que começou no Sul, ‘em forma de vento minuano’, e se projetou até o Norte, tomando a forma de um ‘ciclone benigno”.

   Apenas para citar os principais exemplos dessa “virada em prol da retomada da dignidade no poder”, ficamos com Porto Alegre – reduto eleitoral de Dilma, onde sequer houve segundo turno e o candidato do PT ficou em terceiro; Salvador, cuja população. ciente de que havia mudado para pior, resolveu colocar o PT para escanteio e voltar à Era ACM, agora representada pelo Neto do velho e amado caudilho baiano, Antônio Carlos Magalhães, e, finalmente,  Manaus, cuja eleição era uma espécie de “assunto pessoal” de Lula, que fez das tripas coração para derrotar o tucano Arthur Vírgilio, seu maior crítico no senado, quando estourou o escândalo do mensalão, mas teve como resposta o recado claro dos habitantes da capital amazonense, demonstrando que, naquela metrópole brasileira, como em tantas outras,  a popularidade Lulo-petista,  “se colocada na vitrine”,  não vai valer nem “um e noventa e nove ‘, tal como o “ex-may love” da Gaby Amarantos.

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.