Arnaldo Niskier
Há certas coisas, nos trópicos, que são difíceis de entender. Pessoas de boa formação, aparentemente normais, defendem ardorosamente a descriminalização da maconha, como se fosse a salvação do país. Alegam, de forma equivocada (e mentirosa) que em certos países desenvolvidos isso aconteceu e tudo melhorou.
Não é verdade, tanto que a Holanda, de tantas tradições democráticas, foi e voltou. Ou seja, permitiu e depois sentiu que não era uma boa.
Numa determinada ocasião, estive em Amsterdam e assisti, na praça principal da capital holandesa, ao festival de liberação dos tóxicos com os jovens indo e vindo às farmácias da região para adquirir a erva sem maiores dificuldades. É um espetáculo lamentável. Não sei exatamente o que se ganha com isso, permitindo a liberação. Sabemos que o mesmo acontece no Canadá. De todo modo, temos de convir que são culturas bem distintas da nossa, para que se queira imitar essas tristes experiências.
Muito mais exigentes, na matéria, são países como a Suécia e o Japão, onde isso é determinantemente proibido. Os defensores das facilidades procuram sempre esquecer o que se passa nos dois países citados, pois é claro que não interessa divulgar que nações desenvolvidas não permitem esse tipo de conduta execrável.
As consequências são devastadoras, inclusive porque aí se concentra o início de um vício que depois se alastra, alcançando a cocaína e outras drogas pesadas, algumas de custo baixo, como é o caso do crack. O preço vil estimula o uso. Hoje, há estatísticas que comprovam a existência de 1,5 milhão de dependentes diários, em nosso país. É triste conviver com isso.