Nelson Valente

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Ninguém pode fugir à História. Clara ou oculta, essa “senhora”, está presente em todos os nossos romances. Sempre considerado importante. Não só ela mas também esse cavalheiro, mais misterioso ainda, sem o qual ela não poderia existir: o Tempo.

A sutil combinação ficcional, Semiótica e realidade, em Salve Jorge, demonstra o raro talento de Glória Perez como escritora e sua perene influência na literatura contemporânea brasileira. Suas metáforas derivadas de parábolas, lendas e anedotórios são de efeito, porquanto sintáticas e engenhosamente construídas.

A autora prefere o laconismo ao acúmulo.

O trabalho de Glória Perez pode ser difundido como verdadeiro contemporâneo. Mestre da coerência verbal e psicológica examina a magia da invenção e generosamente compartilha seus segredos com o telespectador.

As palavras têm de ser avaliadas, manipuladas, orquestradas em seu sentido secreto.

meditação sempre sobrepuja a mera descrição nos trabalhos de Glória Perez. Personagens e situações são rapidamente esboçados em traços meramente essenciais.

Ficção e realidade têm sido parceiras em literatura. Fatos reais servem de fundo à projeção de acontecimentos imaginados.

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Pessoas e situações que nunca existiram são incorporadas à vida de uma comunidade verdadeira, fundamentadas no “se”.

Se tal evento ou tais personagens fictícios houvessem mesmo existido naquele contexto real, de que forma a novela Salve Jorge teria sido afetada, que alterações sofreria o futuro, seja de uma família ou de um povo?

Ao analisar cenas da novela Salve Jorge, exibida pela TV Globo, mais uma vez observa-se a natureza icônica das imagens. Ícones esses, que chamam a atenção de milhares de pessoas todos os dias e mexem com o imaginário do telespectador justamente por serem representações. Se os mesmos atores prediletos da televisão estivessem, ao vivo, na sala de um cidadão, mantendo um diálogo qualquer, talvez o fascínio pelas histórias contadas não fosse tão grande. Em muitos aspectos é justamente o fato de ser inalcançável aquela representação de realidade que atrai multidões às telas.

Na novela Salve Jorge, exibida pela Rede Globo, além da natureza icônica das imagens, também se pode perceber a utilização de um cenário e personagens carregados de signos. Nesse contexto, percebe-se na novela Salve Jorge, um claro exemplo da utilização criativa dos signos e, em especial, dos ícones, para atrair a atenção do telespectador, que tem o imaginário levado a um ambiente que ao mesmo tempo não lhe é conhecido (Capadócia), e totalmente novo, mágico, dado ao tratamento que os objetos têm dentro da história.

A imagem pode ser a representação de algo. Uma imagem é caracterizada, segundo quem a lê. Logo, cada indivíduo possui uma leitura diferente, não podendo ser definido um sentido à mesma. Fica difícil dar uma definição, devido aos infinitos usos desse termo, que vai desde os desenhos rupestres até à imagem mental.

Enfim, como diz Humberto Eco (1984), vivemos em uma sociedade construída num complexo “sistemas de signos”. Em um site, diferentes signos podem entrar na composição do documento como o signo linguístico (o texto), signo icônico (a imagem, a metáfora, o sinal) e signo sonoro (um barulho, uma fala, uma música). Os signos de ordem plástica, como o desenho (fixo ou animado), a fotografia, o jogo de cores, etc., também  constituem esse complexo sistema de signos.

Salve-Jorge

A autora prefere o laconismo ao acúmulo.

O trabalho de Glória Perez pode ser difundido como verdadeiro contemporâneo. Mestre da coerência verbal e psicológica examina a magia da invenção e generosamente compartilha seus segredos com o telespectador.

As palavras têm de ser avaliadas, manipuladas, orquestradas em seu sentido secreto.

A meditação sempre sobrepuja a mera descrição nos trabalhos de Glória Perez. Personagens e situações são rapidamente esboçados em traços meramente essenciais.

Ficção e realidade têm sido parceiras em literatura. Fatos reais servem de fundo à projeção de acontecimentos imaginados.

Pessoas e situações que nunca existiram são incorporadas à vida de uma comunidade verdadeira, fundamentadas no “se”.

Se tal evento ou tais personagens fictícios houvessem mesmo existido naquele contexto real, de que forma a novela Salve Jorge teria sido afetada, que alterações sofreria o futuro, seja de uma família ou de um povo?

Ao analisar cenas da novela Salve Jorge, exibida pela TV Globo, mais uma vez observa-se a natureza icônica das imagens. Ícones esses, que chamam a atenção de milhares de pessoas todos os dias e mexem com o imaginário do telespectador justamente por serem representações. Se os mesmos atores prediletos da televisão estivessem, ao vivo, na sala de um cidadão, mantendo um diálogo qualquer, talvez o fascínio pelas histórias contadas não fosse tão grande. Em muitos aspectos é justamente o fato de ser inalcançável aquela representação de realidade que atrai multidões às telas.

Na novela Salve Jorge, exibida pela Rede Globo, além da natureza icônica das imagens, também se pode perceber a utilização de um cenário e personagens carregados de signos. Nesse contexto, percebe-se na novela Salve Jorge, um claro exemplo da utilização criativa dos signos e, em especial, dos ícones, para atrair a atenção do telespectador, que tem o imaginário levado a um ambiente que ao mesmo tempo não lhe é conhecido (Capadócia), e totalmente novo, mágico, dado ao tratamento que os objetos têm dentro da história.

A imagem pode ser a representação de algo. Uma imagem é caracterizada, segundo quem a lê. Logo, cada indivíduo possui uma leitura diferente, não podendo ser definido um sentido à mesma. Fica difícil dar uma definição, devido aos infinitos usos desse termo, que vai desde os desenhos rupestres até à imagem mental.

Enfim, como diz Humberto Eco (1984), vivemos em uma sociedade construída num complexo “sistemas de signos”. Em um site, diferentes signos podem entrar na composição do documento como o signo linguístico (o texto), signo icônico (a imagem, a metáfora, o sinal) e signo sonoro (um barulho, uma fala, uma música). Os signos de ordem plástica, como o desenho (fixo ou animado), a fotografia, o jogo de cores, etc., também  constituem esse complexo sistema de signos.

A trama central da novela Salve Jorge nos permite identificar claramente os actantes da narrativa que assumem papéis simultâneos. Morena e Théo e desejam mutuamente e ao longo da novela estão sempre buscando reencontro. Eles são os destinadores de si mesmos e um é sempre o destinatário do outro.

O casal protagonista em Salve Jorge desde o início do enredo tem a intenção de ficar junto, porém as condições impostas a eles pelo destino os forçam a tomar atitudes contrárias aos seus desejos.

O processo de semiose acontece na mente do interpretante de forma subliminar, ou seja, o telespectador percebe todas as relações facilitadoras e opositoras que ocorrem com o casal protagonista, mesmo que não apliquem as teorias semióticas. Assim a Semiótica explica o que possivelmente será entendido por aqueles que acompanham a teledramaturgia.

As interações narrativas que sustentam o enredo musical se apresentam de forma bastante explicita na canção abordada de Roberto Carlos: Esse cara sou eu. Pelo processo de semiose é possível detectar na música o tema central, transparecido pelo personagem, em que ele demonstra o quanto à saudade machuca devido à distância de seu objeto de desejo. Comparando a análise semiótica já feita das duas linguagens, percebe-se o uso da mesma base de estruturação de sentido. O núcleo é a história de um casal, que por condições impostas pelo destino é forçado a se separar. A distância gera saudade e sofrimento e o amor e a esperança do reencontro estão sempre presentes. Tanto a canção como a novela é a representação do amor impossível, não vivido, cheio de desencontros e opositores, o “algo” dessas duas narrativas/artes, é o desejo de alguém em reencontrar o grande amor. Nos dois casos o interpretante é apresentado a uma história de tristezas e esperanças.

A música quando escrita, como foi criada para tal finalidade, volta-se para aquilo que a novela irá apresentar não que ambas tratem do mesmo assunto, com as mesmas palavras, mas elas estão relacionadas por gerarem uma mesma imagem acústica na mente de quem as compreende, ligam-se por abordarem o mesmo tema e dessa maneira o processo de semiose que acontece na mente dos receptores será o mesmo, independente de ambas serem narrativas diferentes.

As interações narrativas que sustentam o enredo musical se apresentam de forma bastante explicita na canção abordada. Através de vários pronomes como os encontrados nos versos:

“O cara que pensa em você toda hora” e “Que conta os segundos se você demora” nota-se a existência de um sujeito apaixonado que busca o alvo de seu desejo, a pessoa amada. Essa se faz presente através dos versos “Que está todo o tempo querendo te ver”; “Porque já não sabe ficar sem você”. A palavra é a representação do amor. Uma pessoa apaixonada é vista como alguém que não percebe o entorno e se volta totalmente para a pessoa amada, atitudes reconhecidas pelo senso popular como delírio.

Através do trecho “O cara que ama você do seu jeito” se tem uma noção da intensidade do sentimento do sujeito e tudo que o amado representa para ele, uma vez que o primeiro amor é visto como o mais lembrado e mais intenso.

A felicidade é consequência do amor do sujeito e mesmo estando longe de quem se gosta, a simples existência do sentimento possibilita essa alegria que seria constante caso estivessem juntos. Essa relação pode ser percebida quando o personagem da música destaca que sua felicidade é sonhar com quem se ama.

Pelo processo de semiose é possível detectar na música o tema central, transparecido pelo personagem, em que ele demonstra o quanto à saudade machuca devido à distância de seu objeto de desejo.

Apesar de nem todos os receptores das mensagens tratadas neste artigo possuírem o conhecimento sobre semiótica, a semiose se dará automaticamente através da percepção das estruturas básicas que se unem para formar o sentido da trama.

No decorrer da nossa análise fez-se clara a interação entre a novela e a música abordadas, já que ambas se desenvolvem através de um mesmo núcleo temático central.

Porém, tal interação não ocorre entre todas as telenovelas e suas músicas tema. O objetivo inicial era comparar as duas a partir de análises semióticas para, então, estabelecer alguma relação entre ambas, e compreender até que ponto uma canção escolhida, e neste caso criada especificamente para a novela, pode lembrar ao telespectador sobre a história que é apresentada na novela Salve Jorge, que ajuda a ler o mundo.

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Referências Bibliográficas:

ECO, Umberto. O Signo. 5ª ed. Lisboa: Presença, 1997.Collected Papers of Charles Sanders Peirce. 8 vols. Cambridge: Harvard University Press, 1931 – 1958.

PEIRCE, Charles Sanders. Estudos Coligidos. Col. Os pensadores, trad. bras., São Paulo: abril, 1980 (ant.).

PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica e Filosofia. 2ª ed., trad. bras., São Paulo: Cultrix / EDUSP, 1975 (ant.).

PIGNATARI, Décio. Semiótica & literatura. 6 ed. São Paulo: Ateliê Editorial: 2004.

PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1977.

VALENTE, Nelson. BROSSO, Rubens.Elementos de Semiótica comunicação verbal e alfabeto visual. São Paulo: Panorama, 1999.

________________ . Teoria Lógica dos Signos.São Paulo. Intermedial Editora,2009.

________________ .Semiótica. A invasão dos Signos.USA.Amazon, 2013.

 

 

Glossário

 

Os significados dos termos semióticos aqui apresentados, com intuito eminentemente didático, encontram-se nas obras que buscam intepretar o pensamento de Charles Sanders Peirce, as quais contam da bibliografia. São acepções mais frequentes e que, servindo como instrumental para os semioticistas, em muitos casos, coincidem com as próprias definições do Autor, tornando-se assim impraticável referi-las, em termos de autoria, uma a uma. Pretendemos com isso tornar de domínio comum a tais termos, aos “praticantes” desta ciência nascente “que ajuda a ler o mundo”.

 

Abdução: adoção de uma hipótese/argumento que apresenta fatos em suas premissas.

 

Acepção: o mesmo que sentido.

 

Argumento: signo de razão, signo de lei, correspondente a um juízo.

 

CD-Rom: compact-disc: (ready only memory) mídia de armazenamento de dados digitais.

 

Cognição: elemento constitutivo no processo do signo triádico ou semiose/parte de uma cadeia infinita de semiose ilimitada, de acordo com a qual ela é determinada por uma cognição prévia na mente do intérprete.

 

Contexto: processo de signos cuja coerência ou unidade é suscitada diretamente pelo referente (coisa ou situação a que os signos referem).

 

Contiguidade: inferência por proximidade.

 

Crítica: subdivisão da Lógica/procede a uma classificação dos argumentos, determinando a validade e o grau de força de cada um de seus tipos.

 

Cyberspace: ciberespaço/espaço cibernético/cultura da era das redes informáticas.

 

Dedução: único tipo de argumento que é compulsório.

 

Diagrama: representa algo por relação diádicas análogas em algumas partes.

 

Diagramas paradigmáticos: referem-se a todas as outras formas da mesma língua que pertencem ao mesmo paradigma.

 

Diagramas sintagmáticos: desenvolvem-se na linearidade da língua/referem-se principalmente às relações temporais, espaciais e conceituais.

 

Dicente: o mesmo que dicissigno.

 

Dicissigno: signo de fato, signo de uma existência real.

 

E-mail: (Eletronic mail)/ correio eletrônico/rede computacional.

 

Entes biológicos simulados: simulação digital de comportamentos inteligentes (peixes, pássaros),

 

Entropia: medida da desordem introduzida numa estrutura informacional.

 

Faneron: vide phaneron

 

Faneroscopia: vide phaneroscopia e fenomenologia.

 

Fenomenologia: base fundamental para qualquer ciência/observa os fenômenos e, mediante a análise, postula as formas ou propriedades universais destes fenômenos.

 

Gramática especulativa: subdivisão da Lógica/teoria geral da natureza significado dos signos.

 

Hipermídia: forma comunicacional alternativa que inclui áudio, fotos e vídeo.

 

Hipertexto: escrita não sequencial, onde autor e leitor possuem a capacidade de criar interativamente.

 

Ícone: é um representamen que, em virtude de qualidades próprias, se qualifica como signo em relação a um objeto, representando-o por traços de semelhança ou analogia, e de tal modo que novos aspectos, verdades ou propriedades relativos ao Objeto podem ser descobertos ou revelados/primeiridade/possibilidade.

 

Ícone puro: ícone genuíno/só pode ser uma possibilidade, em virtude de sua qualidade/primeiridade.

 

Ícones degenerados: são os hipoícones (imagens, diagramas e metáforas).

 

Ideoscopia: consiste em descrever e classificar as ideias que pertencem à experiência ordinária ou que emergem naturalmente em conexão com a vida corrente, sem levar em consideração a sua psicologia ou se válidas ou não-válidas.

 

Imagem: participa de qualidade simples, ou primeira primeiridade.

 

Indicador: o mesmo que índice.

 

Índice: signo que se refere ao objeto designado em virtude de ser realmente afetado por ele/secundidade/existente.

 

Indução: argumento que emerge de uma hipótese.

 

Interpretante: supersigno que está sempre se refazendo ao refazer a relação entre o signo e o objeto/terceiridade/significação/interpretação de um signo.

 

Interpretante dinâmico: provoca uma reação ativa na mente interpretadora/nível de secundidade.

 

Interpretante emocional: prova de que compreendemos o efeito adequado de um signo, embora as bases de sua verdade, neste caso, sejam muito tênues.

 

Interpretante energético: exige esforço por parte do intérprete.

 

Interpretante final: informação programada/opera com normas fixadas pelas leis impostas em temas absolutos à nossa aceitação/domina as certezas lógicas oferecidas pela dedução e pela indução/provoca na mente interpretadora o reconhecimento das normas estabelecidas pelo uso comum e desenvolvidas sob a forma de leis que caracterizam convenções e hábitos/nível de terceiridade/decide sobre a interpretação verdadeira de um signo, se o exame do assunto        fosse levado a um ponto em que se atingisse uma opinião definitiva.

 

Interpretante imediato: informação não-programada/provoca na mente interpretadora, apenas, a captação sensível de sua qualidade que é um signo/nível de primeiridade.

 

Interpretante lógico: descrito como sendo a compreensão de um conceito geral, divide-se em lógico dinâmico (espécie de “ensaio dramático” indutivo e ativo, um rearranjo dos elementos levantados pelo Interpretante Lógico Imediato) e lógico final (que se apresenta como um hábito deliberadamente formado, inter-relacionando condições e comportamentos anteriores, que o signo está calculado para produzir).

 

Intérprete: usuário do signo.

 

Isoformismo: processo de identificação fundo-forma.

 

Jornalismo marrom: jornalismo sensacionalista/sem ética.

 

Legissigno: convenção ou lei estabelecida pelos homens.

 

Lógica: teoria do pensamento deliberado ou autocontrolado/ciência das leis gerais dos signos desdobráveis em três ramos: Gramática especulativa, Crítica e Metodêutica.

 

Lógica transuacional: o mesmo que Metodêutica.

 

Mass media: meios poderosos de difusão de informação.

 

Mediação: representação/terceiridade/pensamento em signos.

 

Mediático: relativo a Media ou Medium.

 

Mente: o mesmo que semiose.

 

Metáfora: representa o caráter representativo de um representamen , representando um paralelismo em outra coisa/representa um paralelismo com alguma outra coisa.

 

Metodêutica: subdivisão da Lógica/ dedica ao estudo dos métodos a serem observados na investigação, exposição e aplicação da verdade.

 

Midiático: relativo a Mídia.

 

Objeto dinâmico: refere-se a relações ilimitadas que o objeto contém ou suscita e que é o único passível de investigação científica.

 

Objeto do signo: coisa, objeto ou evento, concretos e identificados.

 

Objeto imediato: refere-se a uma ideia particular do objeto/uma qualidade de sensação que só pode ser conhecido por sentimento.

 

Obsistência ou resitência: aquilo no que a secundidade difere da primeiridade/elemento que, tomado em conexão com a Originalidade, faz de uma coisa aquilo que uma outra a obriga a ser.

 

Originalidade: é ser tal como aquele ser é, independentemente de qualquer outra coisa.

Phaneron: tudo que está presente à mente em qualquer sentido ou em qualquer modo que seja, não levando em consideração de que se  trata de um fato ou ficção/qualidade de um sentimento.

 

Phaneroscopia: descrição dos phanerons ou fenômenos.

 

Pragmático (nível): implica nas relações significantes com o intérprete, ou seja, com aquele que utilza o signo.

 

Primeiridade ou Primariedade: modo ou modalidade de ser daquilo que é tal como é, positivamente e sem qualquer referência a outra coisa/forma quase-sígnica da consciência.

 

Qualidade: algo que é tal como é, e que está de tal modo livre da Obsistência que não é nem mesmo auto-idêntico ou individual/primeiridade.

 

Qualissigno: qualidade que é um signo.

 

Reação: relação de dependência/secundidade/caráter factual da experiência/conflito.

 

Referente: o mesmo que Objeto.

 

Relação: vide Reação.

 

Relação triádica: relação em que o primeiro correlato (Representamen) determina, sob certo aspecto, um terceiro correlato (Interpretante), estando em alguma relação existencial para com o segundo correlato (Objeto).

 

Rema: signo que para seu interpretante funciona como signo de uma possibilidade que pode ou não se verificar.

 

Repertório: espécie de vocabulário, de estoque de signos conhecidos e utilizados por um indivíduo.

 

Representame ou representamen: o mesmo que signo.

 

Retórica especulativa: o mesmo que Lógica Transuacional.

 

Secundidade ou Secundariedade: modo de ser daquilo que é tal como é, com respeito a um segundo, mas sem levar em consideração qualquer terceiro/forma quase-sígnica da consciência.

 

Semântico (nível): quando envolve relações de significado, entre signo e referente.

 

Semiose: processo de geração infinita de significações.

 

Semiótica: teoria geral dos signos/doutrina quase necessária ou formal dos signos/Lógica.

 

Sentido: efeito total que o signo foi calculado para produzir e que ele produz imediatamente na mente, sem qualquer reflexão prévia/interpretante imediato.

 

Sentimento (feeling): um estado de consciência flagrado em qualquer de seus momentos.

 

Significação: efeito produzido pelo signo sobre o intérprete em condições que permitissem ao signo exercitar seu efeito total; é o resultado interpretativo a que todo e qualquer intérprete está destinado a chegar, se o signo receber a suficiente consideração/Interpretante final.

 

Significado: efeito direto realmente produzido no intérprete pelo signo; é aquilo que é concretamente experimentado em cada ato de interpretação, dependendo portanto do intérprete e da condição do ato e sendo diferente de outra interpretação/interpretante dinâmico.

 

Signo: é um Primeiro que está em tal genuína relação como um Segundo, chamado seu Objeto, de forma a ser capaz de determinar que um Terceiro, chamado seu Interpretante, assuma a mesma relação triádica (com o Objeto) que ele, signo, mantém em relação ao mesmo objeto/uma coisa que representa outra coisa, seu objeto, para um intérprete.

 

Símbolo: signo que se refere ao Objeto em virtude de uma convenção, lei ou associação geral de ideias/terceiridade/nível pragmático/lei ou pensamento.

 

Similaridade: inferência por semelhança.

 

Sinsigno: é uma coisa ou evento existente, tomado como signo.

 

Sintático (nível): quando se refere às relações formais dos signos entre si.

 

Telepresença: viver além do espaço físico, em espaço virtual, através da comunicação.

 

Terceiridade ou Terciaridade: modo de ser daquilo que é talcomo é, ao estabelecer uma relação entre um segundo e um terceiro/aproxima um primeiro e um segundo numa síntese intelectual.

 

Texto: processo de signos em geral (não somente conjunto verbal), que tendem a eludir seus referentes, tornando-se referentes de si mesmos e criando um campo referencial próprio.

 

Transuação: mediação ou modificação da primeiridade e da secundidade pela terceir idade, tomada à parte da secundidade e da terceiridade.

7 thoughts on “Salve Jorge – A invasão dos Signos (1ª Parte)

  1. KONRAD BAILFUSS says:

    É O TEXTO MAIS SEM GRAÇA DO MUNDO, UMA PERDA DE TEMPO E ENERGIA.NÃO SEI COMO ALGUEM PODE VER LIRISMO E ARTE NOS TEXTOS SEM PÉ E SEM CABEÇA DESSA SENHORA.

  2. Nelson Valente says:

    Prezados (as) Lino Tavares, Maria Marçal e Nair Pessoa, fico-lhes grato pela gentileza, atenção e apreço. Belíssimos comentários a respeito da novela Salve Jorge, nos quais concordo em gênero e número. Abraços

  3. Giba says:

    Não deixem de conferir a continuação desta série de analises de Nelson Valente sobre a novela Salve Jorge.

  4. Nair P.F.Fernandes (@nairpessoaf) says:

    Realmente, nada a comentar da grandiosa bagagem cultural do nosso amigo Nelson Valente no que se refere à sua análise didático-científica da novela Salve Jorge. Todavia, como disse o LINO TAVARES acima -e com grande propriedade- ESSA NOVELA DESVIRTUOU COMPLETAMENTE o tema central (TRÁFICO HUMANO PARA PROSTITUIÇÃO) procurando denegrir nossas Forças Armadas. Infelizmente ela conseguiu fazer de um problema sério algo meio que caricato; de tão ridículo que ficou. Prefiro ver o “Save Jorge” do Pânico!

    FELIZ PÁSCOA Giba, Nelson e todos os leitores do Gibanet.

  5. mariamarcal says:

    Os conceitos aqui são vastos, porém há que se levar em conta que, mesmo um trabalho grandioso, bem elaborado com temas que atingem nossa realidade, precisa existir a ‘empatia’ do público, essa mágica alavanca que condena ou conduz ao estrelato seu autor.

    Assisto a novela, porém descubro que talvez os nossos signos não baterem como o previsível.

    Um abraço e Feliz Páscoa

    Maria Marçal – Blog Maturidade
    Porto Alegre – RS

  6. Lino Tavares says:

    Indubitavelmente, o professor Nelson Valente, com seu elevado nível cultural e sua larga visão fundada na experiência docente dos bancos acadêmicos, nos dá uma bela aula de comunicação e artes cênicas, nesse seu texto repleto de informações preciosas. Como a análise que faz é de natureza técnica e cientifica, poupou o outro lado da questão que envolve essa novela polêmica da Globo, representado pelo viés político que a envolve, haja vista que, por detrás do ideal meramente cênico, novelesco, teatral, existe uma propaganda velada de governo, consubstanciada no ícone que mais salta os olhos de todos, configurado na bandeira da Turquia, que aparece nas principais cenas totalmente fora do contexto ilustrativo, apenas como forma de fazer lembrar o símbolo do PT, que, como ela, possui o estigma da estrela solitária e a cor vermelha, que o Partido dos Trabalhadores herdou do Movimento Comunista Internacional. Por outro lado, repousa nas entrelinhas do texto da autora Glória Peres (coisa encomendada – é óbvio) a clara intenção de enxovalhar o conceito que os militares levaram anos para construir, com a sua retidão de caráter (salvo as desonrosas exceções) e o seu apego pátrio, em nome do qual impediram que os “lacaios de Moscou”, entre os quais se incluía nossa atual presidente Dilma, consumassem seu intento de entregar a nossa soberania aos ditames da Cortina de Ferro. Depois de construir a figura do tenente canalha (Élcio), chegou-se ao capitão infiel, que trai a esposa com uma bandida (Théo) e ao coronel idiota, que se deixa enganar por uma ex-namoradinha da juventude, passando atestado de paspalhão diante de subordinados. À luz dessa propaganda subliminar – escancarada para quem é do ramo – não resta dúvida de que “Salve Jorge” é uma novela encomendada com dupla finalidade: fazer propaganda de governo, via PT, e vender ao povão a ideia de que os militares (aqueles que há cerca de 40 anos atrás assumiram o poder para salvar o Brasil de uma triste alienação ideológica) não são nada daquilo que o imaginário popular cultiva, dando às Forças Armadas o honrado título de Instituição Brasileira mais confiável do país.

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