Eu estava lendo o blog do advogado Rosivaldo Toscano Jr. e me deparei com um texto muito bem elaborado e resolvi compartilhar aqui. Eis o texto:
O ano, 2001. Estava eu abastecendo o carro no posto do trevo das estradas que ligam as cidades de Rafael Godeiro e Patu. Era noite.

– Moço, pode encher.
– Pode deixar, doutor – Disse o frentista.
Ei que ao desligar a caminhoneta e, consequentemente, o som do veículo, comecei a ouvir lamúrias e choros.
– O que é isso? – ao que o frentista apontou para um sujeito literalmente acocorado no meio-fio do acostamento da estrada.
Tocado com o choro sincero do rapaz, resolvi descer e saber o que o estava causando tamanha dor.
– Amigo, boa noite, o que está acontecendo?
O jovem, aparentando uns vinte e cinco anos, continuou acocorado, mas levantou a cabeça, que estava entra as mãos, olhou-me surpreso ao me reconhecer, e completou:
– Doutor… – falou em tom de lamúria o choroso sujeito. Parou por uns segundos e prosseguiu – o problema tá aqui! – apontando com as mãos espalmadas para o próprio rosto.
Busquei alguma ferida, corte, sei lá. Mas estava tudo em ordem: tinha olhos, boca, nariz.
– Tá onde, meu caro?
– Aqui ó! É que eu sou feio demais! – Para completar o quadro, entre as pernas do rapaz estava uma garrafa da boa e velha 51. Pelo bafo de álcool dele, já devia estar no fim…
E após puxar o fôlego, ele prosseguiu: – Eu tinha uma namorada, Doutor. Chamei pra morar comigo, pra gente casar. Ela disse que não. Que eu era feio demais e que os bichinhos num iam nascer humanos não! Buá! – Pôs-se a chorar de novo.
Fiquei com dó. Olha, o camarada era feio mesmo. Boca torta e uma banguela daquela tradicional, tipo vampiro, cara cheia de espinhas. Um quadro esteticamente triste. Mas decido a levantar a alto-estima do jovem, aconselhei-o. O diálogo se deu comigo de pé e ele acocorado, como estava.
– Não vou dizer que o senhor é nenhuma maravilha. Mas também não estou dizendo que é feio. Contudo, saiba que sendo feio ou não, sempre há alguém mais feio que a gente em todo canto. E prossegui:
– Vou lhe mostrar que estou certo. Veja bem, tem um camarada ali em Rafael Godeiro que não conheço, mas que dizem ser o sujeito mais feio do Alto Oeste. Zé Bolacha. Já ouviu falar dele?
– Zé Bolacha sou eu, doutor! Buá!

3 thoughts on “Zé Bolacha

  1. Luciano Zamboni says:

    É uma sitação horrível, conhecia pela fama, e depara-se com o próprio.

    Um abraço

  2. Jucifer says:

    bah o cara todo cheio da bo intensão kkkk
    acabou deixando o guri pior kkkkkk
    faz parte né!
    bjo grande

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.