Carlos Fonttes – Del AHIMTB
O epíteto que ora ilustro esta crônica, nos parece um tanto paradoxo, pois há muito tempo já fiz alusão na Zero Hora sobre o assunto e, como nos dissera Sócrates, que vem a calhar com este contra-senso: “Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis”.
Tendo o privilégio em ser convidado pela família do Brigadeiro Honorário do Exército, BENTO MARTINS DE MENEZES – Barão de Ijui, para biografar sua trajetória, no decorrer das “pesquisas de campo”, deparei-me com um relicário intermitente de fatos e passagens históricas desse vulto, que enalteceu as páginas da historiografia brasileira e, principalmente nesta cidade, quando aqui residiu e veio a falecer em 1881.
Nascido na data festiva da Independência do Brasil, quatro anos antes, em 1818, o qual consta ter sido na estância do “CONTRATO”, de propriedade de seus pais, à margem esquerda do rio Caí, hoje pertencente ao Município de Cachoeira do Sul. Na época estava sob o domínio da cidade de Rio Pardo.
O mesmo servia na antiga Guarda Nacional quando, após ter participado da Guerra dos Farrapos de 1835/1845 e das questões do Uruguai por 1851/52, fora reformado no posto de Tenente Coronel.
Ao ser deflagrada a Guerra do Paraguai e já residindo em Uruguaiana, reúne elementos da antiga Guarda Nacional nesta cidade e, com o famoso “17º Regimento de Cavalaria”, fez frente às tropas de Estigarribia, com pequenas escaramuças. Teve papel importante no apoio às famílias que migraram para Alegrete, com a invasão dessa força inimiga.
Ao ser convocado pelo Brigadeiro David Canabarro, em 17 de dezembro de 1866 para esse conflito, já Bento Martins, havia confirmada a sua fibra de soldado patriótico. Parte, então, para os campos de combate no Paraguai, onde alcança láurea e condecorações com o seu famoso “17º”, ostentando, no seu regresso ao Brasil, várias medalhas, o título nobiliárquico de “Barão do Ijui” e promovido ao posto de Brigadeiro Honorário do Exército, (seria hoje General de Brigada).
A complementação histórica sobre esse Brigadeiro, do qual fiz sua história e encontra-se ainda no prelo, tiveram inúmeras fontes bibliográficas, como a Biblioteca Nacional, Arquivo histórico do Exército, etc.; porém, talvez dando continuidade ao sonho do saudoso mestre Prof. Raul Pont em que ilustrou uma crônica sobre Bento Martins, com a fotografia de um quadro a óleo desse herói, que teria sido feito pelo artista porto-alegrense Antonio Cândido de Menezes por 1871.
De posse desta fonte iconográfica, dei buscas constantes e incansável pelos nossos órgãos públicos à cata deste quadro e, apesar de ter ainda publicado na Zero Hora (Em 11/4/2004 “Túnel do Tempo”), nunca encontramos tal obra. Raul Pont comentara em sua crônica que este quadro se encontrava no Salão Nobre da Câmara Municipal. Pela fotografia que aquele historiador publicou, chegamos a conclusão tratar-se de um quadro razoavelmente grande, com moldura trabalhada em relevo de gesso.
Penso ainda que alguma instituição ou órgão público tenha catalogado o mesmo, como acervo patrimonial ou levado para ser restaurado por alguma instituição e nunca mais se soube notícias dele e nem mesmo seus descendentes sabem alguma coisa a respeito.
Este é o motivo do título desta crônica e a grande sabedoria de Sócrates.