Eu Gosto e Daí? 3

Gil de Marqui

Boa parte dos problemas do planeta é causada por uma mania constante que os seres humanos têm de não tolerar diferenças. As religiões travam guerras umas com as outras, as torcidas organizadas matam por banalidades, os Punks e os skinheads passam o tempo se estranhando e nós (que somos da paz) assistimos toda essa violência sem nada ter a ver com isso. Será?

Admita: somos mimados. Temos o mau costume de achar que estamos sempre certos e tentamos convencer o outro de que nossos livros, nossas roupas, nossos filmes e até nossas distrações são melhores. No fundo sabemos que os indivíduos têm motivos muito específicos para admirar uma infinidade de coisas, mas o egoísmo é tão grande que fica difícil enxergar.

Fulano vai dizer que só um tipo de música presta e que todo o resto nem deveria ser chamado como tal. Ele afirma isso baseado em sua história, suas raízes e em seu próprio gosto, é claro.

Por que é tão difícil permitir que os colegas vejam graça em outros timbres?

Falar mal das atitudes alheias é simples e “vira e mexe” nos pegamos fazendo isso. Mas antes que você me diga que estou exagerando, quero lhe convidar a reparar em como anda a sua tolerância com as escolhas dos demais. Você tem respeitado as decisões particulares de seus amigos e familiares? Não posso deixar de dizer que sua opinião é importante, mas, lembre-se de que sugerir é diferente de impor e fazer chacota dos prazeres de alguém é algo que, em longo prazo, pode lhe tornar uma pessoa insuportável e afastar tudo e todos ao seu redor.

Não importa quem está certo ou errado, é direito de todos tomarem partido por quaisquer causas que desejarem. Precisamos considerar o fato fundamental de que não estamos sozinhos no universo e a diversidade é o que torna tudo mais interessante. Com tantas possibilidades existentes por aí, se estivermos sempre fechados ao novo estaremos definhando nossa capacidade de evoluir como seres pensantes.

Por fim, queremos nos ver no outro ou somar com o outro?

Espero que essa tão sonhada “padronização social absoluta” nunca venha a existir porque um mundo cheio de pessoas iguais e sem personalidade seria uma chatice broxante. Deus nos livre, ou melhor, nossa racionalidade nos livre!

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Gil de Marqui é jornalista e correspondente internacional do Gibanet.com

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9 thoughts on “Eu Gosto e Daí?

  1. Tiago Marquesi says:

    Oi, Gil. Já faz um tempinho, vi uma entrevista do Marcelo Gleiser, onde ele fazia uma reflexão sobre essa coisa da tolerância bem interessante. Ele dizia que se toleram aqueles que se odeiam. Logo, a tolerância segrega as pessoas e grupos. Por isso ele propunha que devemos respeitar ao invés tolerar. O respeito é próprio dos que se reconhecem semelhantes, algo bem mais nobre, mais no caminho da sociedade que queremos. Que tal?

    • Gil de Marqui says:

      Tiago, em relação ao primeiro comentário, pode ser que nós nos deixemos levar pelos padrões, mas o fato é que acabamos nos enroscando neles e não dá pra falar mal do outro se estamos fazendo exatamente a mesma coisa só que em outro sentido, entende? É por isso que acho importante a tolerância. Quanto ao segundo, respeito e tolerância, em meu entendimento, são coisas que caminham lado a lado. Não vejo muitas diferenças. Acho importante ter os dois! Grande abraço!

      • Giba says:

        Gil, seu texto está perfeito.
        Em relação ao comentário do Thiago, você deve observar que da ótica dele, é imperdoável algém não ter personalidade própria e idéias própias.
        Não concordo plenamente com ele, mas também não posso discordar.
        Beijos
        Giba

        • Gil de Marqui says:

          Giba, também acho que é “imperdoável” alguém não ter personalidade própria, mas até mesmo as pessoas que tem personalidade própria estão fazendo parte de um grupo: o grupo dos que tem personalidade própria! O que não deixa de ser um padrão. As pessoas não precisam se deixar levar totalmente pelos padrões, mas se elas quiserem assim não podemos fazer nada senão protestar sendo diferente delas, mas sem invadir as escolhas alheias. Beijão!!

  2. Bruno lodi says:

    A grande realidade é que somos todos padronizados
    Se o cara é ”Alternativo” ele segue o padrão alternativo
    Se ele é ”punk” ele segue o padrão punk

    Oque acredito é q podemos nos alimentar d uma fonte bem mais enriquecedora nas artes,em nossas vidas,em fim… em tudo,caso contrario é retro-ação-mental

    Obs: esse é o meu padrão d vida e não uma imposição, essa é a idéia.

    • Tiago Marquesi says:

      Cara, não corcordo que sejamos padronizados. Penso que somos nós que nos deixamos diminuir por estereótipos. Influenciados pelo grupo social provavelmente? Sim, contudo não podemos nos eximir da responsabilidade pela nossa escolha.

    • Gil de Marqui says:

      Bruno, também vejo as coisas assim. Vários tipos de padrõezinhos nos quais as pessoas que se identificam vão se encaixando….exclusividade é algo muito difícil senão impossível!! beijos!!

  3. Vinicius Aziago says:

    Verdade Gi, concordo. As pessoas gostam sempre de ouvir aquelas bandas desconhecidas só para mostrar ser uma pessoa diferenciada. Besteira. Música é Música, seja ela tocada na Band FM ou na Kiss.

    Cada pessoa tem sua cultura e seu modo de viver, a padronização é o pior preconceito que existe. Devemos ser diferentes um dos outros, e assim saber q a mistura vale mais que a unificação.

    • Gil de Marqui says:

      Vinicius, somos um pouco orgulhosos mesmo, né? (risos). Pelo menos uma boa parte da humanidade precisa aprender a lidar com as diferenças senão estaremos perdidos!!! Beijos e obrigada pela visita!

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