Geração Z 3
Geração Touch, um desafio da modernidade


Gil de Marqui

Quando eu era criança muitas coisas já eram modernas e eu nem sabia. Em casa tínhamos uma TV colorida na sala, um microondas (que usávamos normalmente para esquentar o leite) e um aparelho de som antigo que mais tarde seria substituído por outro que tocava CDs.
Depois de certa idade ganhei de presente um bichinho virtual que precisava ser alimentado a cada duas horas para não morrer.
Sentávamos para assistir a novela e (ainda que não estivéssemos ao redor de uma mesa) costumávamos jantar todos juntos, meus pais, meus irmãos e eu.
Lembro de ouvi-los comentando sobre uma época na qual certas tecnologias não existiam e notar suas caras de espanto ao ver os inventos anunciados pelos jornais.
Eu ria de como eles achavam incríveis as coisas que para mim eram extremamente normais. Nunca pensei que um dia sofreria deste mesmo mal e devo confessar que lidar com esse tal “choque de gerações” não é fácil.
Não quero falar das crianças que não sabem o que é esperar dias para revelar uma foto, nem muito menos daquelas que não fazem idéia do que é colocar uma ficha no orelhão, afinal, isso já não faz parte da nossa vida há certo tempo mesmo. Quero mais é falar da angústia que sinto ao ver o quanto as coisas acontecem rápido para essa molecadinha da geração Z e afins.
Lembra quando precisávamos ouvir rádio FM o dia inteiro até que tocassem aquela música nova? Pegávamos uma fita K7 virgem e gravávamos para ouvir mais tarde. Quanto trabalho!
Pois é, as coisas mudaram em uma velocidade assustadora. Você já reparou quantas coisas são resolvidas com apenas um clique?!
Quer uma pizza? Peça pela internet.
Vai pagar contas? Utilize o celular.
Está precisando desabafar? Fique online na rede social e descasque todos os seus abacaxis.
Perdeu a transmissão daquele filme fantástico? “Baixe-o” agora mesmo.
Não sabe o que é um “arrabalde”? Procure no Google e ele te dirá. Não ficou claro? Entre na galeria de imagens.
Não gostou do que o repórter disse na TV? Deixe um comentário destilando todo o seu ódio e ele será praticamente obrigado a se retratar.
Sem contar o MP3, o HD, o ar condicionado que migrou para o carro e outras milhares de coisas.
Há alguns dias fiquei de queixo caído quando a filha de uma amiga de apenas um ano e meio de idade pegou o celular e fuçou nos botõezinhos até colocar na área de jogos. A amiga disse que isso sempre acontece porque a garotinha gosta de ouvir a música que o jogo tem.  Aprendeu sozinha.
Pois bem, o mundo está evoluindo e até agora não contei nenhuma novidade. Mas tenho medo de onde as relações humanas vão parar já que as pessoas não precisam mais fazer algo essencial para fazer valer a vida em sociedade: O diálogo.
Se um garoto qualquer tem um Iphone 4, um PSP, um X Box (pra dar aquela variada) e um computador de última geração, a que horas conversa com os pais ou amigos? Quando olha nos olhos de alguém? Em que momento interage com os demais? Como aprende que nem tudo o que desejar vai acontecer após um clique? Onde é que vai cultivar a paciência?
Não estaria a tecnologia criando uma porção de monstros mimados?
Quando as coisas “saem dos eixos” e pais e filhos matam-se (literalmente) por motivos banais, aparecem demagogos de todos os lados pra dizer que as pessoas estão cada vez mais frias e esquecendo-se da religião e bons costumes, mas, antes de tudo isso acredito na força de um bom bate-papo, de um abraço sincero e até mesmo uma bronca com olhar de desaprovação seguida de castigo. Será possível transmitir valores familiares virtualmente? Como é que se constrói afeto via SMS?
Quero deixar claro que não sou contra a evolução e a tecnologia. Aposto que o uso moderado de tantas boas novas podem servir para reiterar relações, mas não podem ser o único meio de participação no mundo. Afinal, de que adianta saber o que acontece do outro lado do mundo se não se sabe o que acontece com os outros habitantes de sua própria residência?
Se você acha difícil lidar com seus colegas de trabalho nos dias de hoje, espere até esses garotos crescerem e alguém lhes pedir que trabalhem em equipe e tenham paciência para resolver as mais diversas situações. Aí eu quero ver!
¹Nota da autora: Geração Z é formada por pessoas nascidas a partir dos anos 90.
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Gil de Marqui é jornalista e correspondente internacional do Gibanet.com
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10 thoughts on “Geração Z

  1. Gil de Marqui says:

    Oi Higor! Vc falou uma coisa bem legal…”+ NEM POR ISSO TENHO Q VIVER GRUDADO NO CELU, COMPUTADOR, MP3 ETC…”…

    É isso aí! Quem faz as escolhas sobre o que é bom ou ruim para sua vida é você mesmo! Existe uma vida só e vc precisa aproveitá-la da melhor forma possível…se achar que vale a pena passar boa parte do tempo no computador faça isso e se pensar o contrário faça também. Isso é importante e vai moldar sua vida adulta. Um beijo!

  2. HIGOR says:

    Eu tenho apens 16 ans passo dias em ksa mandando msg no celu e na frent do computador me acustumei a abreviar as palavras q na escola de vez em quando tenho uns problems.
    EU SEI Q NASCI NA GERAÇÃO Z + NEM POR ISSO TENHO Q VIVER GRUDADO NO CELU, COMPUTADOR, MP3 ETC……
    HJ EM DIA QUANDO O CARA TA AFIM D UMA MINA ELE PEGA O NUMERO DELA COM ALGUÉM, AKBA MARCANDO UM ENCONTRO, ISSO TA C TORNANDO MUITO FÁCIL………..
    KD A EMOÇÃO D VC I CORRER ATRAZ DO Q QUER, D OLHAR DENTRO DOS OLHOS DA PESSOA AMADA.
    Hj e + facil uma pesso se Suicídio, com a solidão vem a depre. Reaument as pessoas tem preguissa d levantar da kdeira ou do sofá e dizer bom dia vizinho na Coreia as pessoas n precizam + sair de ksa pra ir fazer compra apens num click a compra xega na sua ksa. como a pessoa vai sabr c e de boa qualidade.
    Vivemos sem viver.

    • Giba says:

      Higor, você tem que ter cuidado com este hábito de escrever abreviado e errado, pois no mercado de trabalho pode te prejudicar muito.
      Se você pretende fazer um curso superior, com esta maneira de escrever, poderá te impedir de passar no vestibular.
      Quanto a conquista frente a frente, é questão do tipo de mulher que você quer conquistar. Tem mulheres e mulheres, cada tipo tem um comportamento diferente e uma maneira própria de se deixar ser seduzida, a escolha é sua.
      Lembre-se que você está na melhor fase da sua vida, onde suas escolhas definirão todo o restante, se fizer boas escolhas agora, terá um futuro brilhante e cheio de regalias e diversão, se fixzer a escolha errada, amargará os resultados por muitos anos e talvéz nunca conquiste o que quer.
      Pense bem o que quer do futuro e descubra o que é necessário para isto, depois veja se você está ou não no caminho correto.
      Boa sorte.
      Um grande abraço
      Giba

  3. Ueslei says:

    La vem um “velhinho” de 35 anos e seu comentário saudosista…
    Cresci com a tecnologia ao meu lado, vi o nascimento dos videogames, o inicio da TV Colorida, o inicio do DVD, enfim tenho acompanhado tudo o que tem sido lançado desde meados dos anos 80, e posso me considerar um Nerd por assim dizer. Mas o que eu gostaria realmente de colocar aqui e como as pessoas dos dias de hoje estão perdendo o “toque” de se relacionarem uns com os outros, é cada vez mais raro as pessoas se reunirem em casa para assistirem um filme juntas, comerem uma pizza, jogar conversa fora… Hoje em dia e mais importante ter 300 amigos no Facebook do que 3 amigos verdadeiros, a quantidade é mais importante que a qualidade, nota-se ainda mais a falta de tato humano ao andar pela rua e ver as pessoas darem atenção a uma ligação recebida, para falar de nada, do que com a pessoa que esta na sua frente. Podemos culpar a tecnologia? Mas deixe-me lembra-los que, como disse no inicio do texto, fui criado junto a tecnologia, e até hoje não parei de acompanhar, mas não troco uma história das princesas do mar contada pela minha filha de 3 anos pelo meu X-BOX 360. Estas histórias um dia vão se acabar, e não quero me arrepender de perder momentos que a tecnologia nunca vai substituir. Para minha filha Julia.

    • Gil de Marqui says:

      Ueslei, acho lindo que vc consiga dosar os momentos entre o video-game e a companhia de sua filha Julia. Espero que ela cresça participando e dando valor a estes momentos únicos que não podem ser substituídos pelo virtual. Um grande beijo!

  4. Alininha says:

    A ausência do 'virtual' em nossa infância, nos fez com que crescessemos sem traumas, sem violência, vivendo intensamente nossos momentos. Hoje em dia não se sabe o que é brincar de pega-pega na rua, a tarde toda, todo esbaforido e com aquela dorzinha na costela, de ladinho, lembram-se? Saudades daquele tempo! Sábio quem conseguir fazer com que seus filhos sintam esse gostinho!!

    • Gil de Marqui says:

      Ahhh…eu me lembro dessa “dorzinha do lado”…hahaha…aliás, sempre que posso sinto! Sou uma eterna criança esbaforida querendo brincar de pega-pega! Tentarei fazer com que meus filhos sintam esse prazer…tomara que eles tomem gosto! Beeijo!

  5. Suelem says:

    Realmente…penso da msma forma…
    Não sei até onde isso vai parar, cada dia mais estamos vivendo artificialmente e dependentes dessa tecnologia toda. Acho que éramos mais felizes e saudáveis quando tudo isso era mais devagar

    • Gil de Marqui says:

      Suelem, da um certo medo mesmo de onde tudo isso vai parar! Vamos torcer para que os impactos não sejam muito catastróficos! beijosss

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