“Pepe” Mujica, A Verdade por Trás do “Velhinho Sábio” do Uruguai e Sua Conexão com Crimes e Redes Políticas Latino-Americanas

José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai (2010-2015), é frequentemente retratado como um ícone de simplicidade e humanismo, mas sua trajetória está marcada por um passado de violência como guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T). Este artigo desvenda os fatos sobre sua vida, incluindo os crimes associados ao grupo e suas conexões com figuras e redes políticas, como o Foro de São Paulo e o Grupo de Puebla, sem ignorar a manipulação ideológica que romantizou sua imagem.

José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai (2010-2015), é frequentemente retratado como um ícone de simplicidade e humanismo, mas sua trajetória está...
O ex-guerrilheiro tupamaro José “Pepe” Mujica toma posse como presidente do Uruguai, sucedendo a Tabaré Vázquez, seu companheiro da Frente Ampla — uma coalizão de partidos de esquerda.

Biografia de José Mujica

  • Infância e Formação
    José Alberto Mujica Cordano nasceu em 20 de maio de 1935, em Montevidéu, Uruguai, em uma família de pequenos agricultores de ascendência italiana e basca. Perdeu o pai aos seis anos, o que moldou sua resiliência e visão de solidariedade. Estudou no Instituto Alfredo Vásquez Acevedo e iniciou o curso de Direito, mas abandonou os estudos para se dedicar à militância política.
  • Entrada na Política e Radicalização
    Nos anos 1950, Mujica envolveu-se com movimentos progressistas, inicialmente ligado à ala conservadora do Partido Nacional, mas logo migrou para a esquerda radical. Inspirado pela Revolução Cubana (1959), juntou-se ao MLN-Tupamaros na década de 1960, um grupo guerrilheiro urbano que buscava justiça social por meio da luta armada.
  • Carreira Política
    Após a redemocratização do Uruguai em 1985, Mujica abandonou a luta armada e integrou o Movimento de Participação Popular (MPP), parte da coalizão Frente Ampla. Foi eleito deputado em 1994, senador em 1999 e ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca (2005-2008). Em 2009, venceu as eleições presidenciais, governando até 2015. Seu mandato foi marcado por políticas progressistas, como a legalização da maconha, do aborto e do casamento homoafetivo.
  • Vida Pessoal e Imagem Pública
    Mujica casou-se com Lucía Topolansky, ex-guerrilheira tupamara, em 2005. O casal vivia em uma chácara modesta, rejeitando o palácio presidencial. Sua simplicidade, incluindo dirigir um Fusca 1987, rendeu-lhe o apelido de “presidente mais pobre do mundo”, embora ele rejeitasse o rótulo, criticando o consumismo.
  • Morte
    Mujica faleceu em 13 de maio de 2025, aos 89 anos, devido a um câncer no esôfago em fase terminal. Seu legado é controverso, com admiradores destacando sua humildade e críticos apontando seu passado violento.
José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai (2010-2015), é frequentemente retratado como um ícone de simplicidade e humanismo, mas sua trajetória está...
Colagem de fotos atribuídas como de “Pepe” Mujica. Da esquerda para a direita: no início dos Tupamaro, segunda metade da década de 1960; foto para um registro policial no início da ditadura, início dos anos 1970; foto em cartaz da ditadura com lista de “codinomes”, final dos anos 1970; em evento político após a reabertura política, segunda metade dos anos 1980. – Imagem: Xadrez Verbal

Crimes Associados a José Mujica e aos Tupamaros

  • Participação no MLN-Tupamaros
    Mujica integrou o MLN-Tupamaros, fundado por Raúl Sendic na década de 1960, inspirado pela Revolução Cubana e ideais marxistas, maoístas e anarquistas. O grupo realizou assaltos a bancos, sequestros, atentados a bomba e execuções, com o objetivo de desestabilizar o governo uruguaio e promover uma revolução socialista.
  • Ações Armadas e Assaltos
    • Tomada de Pando (1969): Mujica liderou uma das seis equipes que ocuparam a cidade de Pando, invadindo a delegacia, o corpo de bombeiros, a central telefônica e bancos, em uma operação de grande impacto propagandístico.
    • Assaltos a Bancos e Empresas: Os Tupamaros financiavam suas atividades com roubos, redistribuindo parte do dinheiro entre comunidades pobres, em ações ao estilo “Robin Hood”.
  • Sequestros
    O grupo sequestrou figuras políticas e diplomáticas, como o cônsul brasileiro Aloysio Dias Gomide, mantido em cativeiro por seis meses em 1970, para pressionar o governo. Essas ações visavam demonstrar a fragilidade do Estado, mas geraram repressão massiva.
  • Execuções e Tribunais Clandestinos
    Os Tupamaros realizaram execuções em “tribunais revolucionários clandestinos”, semelhantes aos métodos das FARC e do Sendero Luminoso. Um caso notório foi o assassinato de Pascasio Báez, um trabalhador rural sequestrado e executado com uma injeção letal após cavar túneis para o grupo. Mujica, embora não diretamente ligado a esse caso, era um líder ativo durante o período. Outra vítima foi o cabo Leandro Villalba, morto aos 31 anos.
  • Atentados a Bomba
    O grupo realizou ataques com explosivos contra instituições públicas e privadas, contribuindo para a escalada de violência que culminou no golpe militar de 1973. Parte da população uruguaia atribui aos Tupamaros a responsabilidade por essa crise.
  • Ausência de Arrependimento
    Mujica nunca expressou remorso público por suas ações, afirmando em entrevistas, como ao podcast Witness History da BBC em 2023, que não matou ninguém “por pura coincidência”. Ele descreveu a luta armada como uma “etapa histórica necessária”, o que críticos consideram um desrespeito às vítimas.
  • Prisões e Fugas
    Mujica foi preso quatro vezes, escapando em duas ocasiões da prisão de Punta Carretas, incluindo a fuga histórica de 1971, quando 111 prisioneiros, a maioria tupamaros, escaparam por um túnel. Capturado em 1972, foi mantido como refém pela ditadura militar (1973-1985) em condições desumanas, sofrendo tortura e isolamento. Libertado em 1985 por uma lei de anistia, beneficiou-se da Lei nº 15.737, que perdoou crimes políticos desde 1962.
José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai (2010-2015), é frequentemente retratado como um ícone de simplicidade e humanismo, mas sua trajetória está...
O Movimento Tupamaros em manifestação em 1973

Conexões com Criminosos e Políticos Corruptos

  • MLN-Tupamaros e Seus Líderes
    • Raúl Sendic: Fundador dos Tupamaros, foi um dos reféns da ditadura junto com Mujica. Seu filho, Raúl Fernando Sendic, foi vice-presidente do Uruguai (2015-2017), mas renunciou devido a denúncias de corrupção envolvendo uso indevido de cartões corporativos.
    • Eleuterio Fernández Huidobro: Ex-guerrilheiro e refém, tornou-se ministro da Defesa (2011-2016). Sua gestão foi criticada por falta de transparência, mas não há registros de corrupção direta.
    • Lucía Topolansky: Esposa de Mujica e ex-guerrilheira, foi vice-presidente (2017-2020) e senadora. Não há evidências de envolvimento em corrupção, mas sua trajetória nos Tupamaros inclui participação em ações armadas.
  • OLAS e Revolução Cubana
    Os Tupamaros foram apoiados pela Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), criada por Fidel Castro e Manuel “Barba Roja” Piñeiro para coordenar movimentos revolucionários na América Latina. Mujica era parte dessa rede, que visava desestabilizar governos democráticos e instalar regimes socialistas sob influência cubana. Não há evidências de que Mujica tenha se reunido diretamente com Castro ou Piñeiro, mas o MLN-T recebia treinamento e apoio logístico de Cuba.
  • Foro de São Paulo e Grupo de Puebla
    • Foro de São Paulo: Mujica participou ativamente do Foro, uma plataforma criada em 1990 por Fidel Castro e Luiz Inácio Lula da Silva para unir partidos e movimentos de esquerda na América Latina. O Foro foi acusado por críticos de promover agendas socialistas e encobrir práticas autoritárias, embora sem provas concretas de corrupção generalizada. Mujica era próximo de líderes como Lula e Hugo Chávez, mas se distanciou do socialismo chavista durante seu governo.
    • Grupo de Puebla: Fundado em 2019, Mujica foi um dos idealizadores dessa organização, que reúne líderes progressistas como Lula, Evo Morales e Alberto Fernández. O grupo é criticado por apoiar governos com histórico de corrupção, como o de Nicolás Maduro, mas não há registros de Mujica estar diretamente envolvido em esquemas corruptos. Sua participação reforça sua influência na esquerda latino-americana.
  • Relação com Lula e Outros Líderes
    Mujica era amigo pessoal de Lula, com quem compartilhava afinidades ideológicas. Lula enfrentou acusações de corrupção no escândalo do Mensalão e na Operação Lava Jato, mas Mujica defendeu publicamente o ex-presidente brasileiro, minimizando os escândalos como falhas humanas. Não há evidências de que Mujica tenha se beneficiado de esquemas corruptos ligados a Lula ou outros líderes.
José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai (2010-2015), é frequentemente retratado como um ícone de simplicidade e humanismo, mas sua trajetória está...
Em 1985, Pepe Mujica, Mauricio Rosencof e Adolfo Wassen Jr. foram libertados após anos de prisão – Foto: AFP

Revisionismo Histórico e Manipulação Ideológica

  • Romantização da Imagem
    A mídia internacional, como a BBC e o documentário de Emir Kusturica (“El Pepe, una vida suprema”), destacou a simplicidade de Mujica, ignorando ou relativizando seu passado violento. Essa narrativa transformou-o em um “sábio humilde”, apagando a gravidade dos crimes dos Tupamaros e sua contribuição para a instabilidade que levou ao golpe de 1973.
  • Impacto na América Latina
    A romantização de Mujica reflete uma tendência de revisionismo histórico na América Latina, onde ex-guerrilheiros são retratados como heróis sem responsabilização por suas ações. Essa manipulação ideológica, segundo críticos, distorce a história para promover agendas de esquerda, como as do Foro de São Paulo e do Grupo de Puebla.
José "Pepe" Mujica, ex-presidente do Uruguai (2010-2015), é frequentemente retratado como um ícone de simplicidade e humanismo, mas sua trajetória está...
Pepe Mujica e Barack Obama na Casa Branca em 12 de maio de 2014 – Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Conclusão

José Mujica é uma figura complexa: de guerrilheiro radical a presidente progressista, sua trajetória é marcada por contradições. Como líder dos Tupamaros, participou de assaltos, sequestros e ações armadas que resultaram em mortes, como a de Leandro Villalba e Pascasio Báez, sem jamais expressar arrependimento. Sua conexão com redes como a OLAS, o Foro de São Paulo e o Grupo de Puebla o coloca no centro de um projeto de esquerda latino-americana, mas não há evidências diretas de envolvimento em corrupção. A romantização de sua imagem pela mídia esconde um passado de violência, contribuindo para um revisionismo que distorce a história do Uruguai e da América Latina.

 

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