Debora Gimenes / Debby Lenon
Véspera de Natal, Papai Noel estava terminando de encher seu trenó com os presentes para as criancinhas. Estava com o semblante preocupado, pois as Renas estavam adoentadas, um dos anões havia dado doces a elas e todas ficaram indispostas. Depois de se desculpar com o velhinho, Lips o anão travesso, ficou responsável por arrumar novas Renas.
Faltavam 20 minutos para meia noite quando Lips chegou com as renas substitutas, havia convocado as mais velozes para a função, os anões de Papai Noel tinham o poder de conversar com os animais, Lips apresentou as quatro renas que encontrara pastando pelos campos.
Luci, Hell, Sati e Dem. Todas negras. Papai Noel achara as renas estranhas, mais elas exerciam um fascínio muito grande sobre ele, como não havia muito tempo, ele entrou no seu trenó acompanhado de Lips, seus outros ajudantes deveriam ficar na fabrica cuidando das renas doentes.
Olhou mais uma vez para suas amiguinhas, despediu-se com um lindo sorriso. Elas pareciam estar mais agitadas, talvez aquelas renas estranhas às assustassem. As renas voaram com um sinal de Lips, eram realmente velozes e encantadoras, Papai Noel já podia ver as luzes da cidade e sentir que suas crianças estavam se preparando para dormir.
As renas então mudaram o caminho, começaram a voar mais depressa e mais alto, subiram muito e depois desceram, tudo era tão veloz que Papai Noel mal tinha tempo para pensar, quando pensou que seu trenó se chocaria no chão, um buraco abriu-se e eles entraram cada vez mais até chegar ao centro da terra.
Era uma caverna úmida, abafada, e sem vida, a pouca luz que tinha vinha de chamas que saiam de crânios, humanos, ou de animais, até mesmo de seres desconhecidos. Nesse momento as renas haviam diminuído a velocidade, como se quisessem que ele prestasse atenção em cada detalhe daquele lugar, pode perceber que os olhos de Lips e das renas estavam vermelhos como sangue. Lips agora tinha prezas no lugar de dentes e cheirava a enxofre.
O trenó parou numa sala, um pouco mais clara, havia um poço, uma espécie de trono e uma jaula, tudo feito com ossos, Lips então falou com a voz modificada:
___ Aqui será seu lar agora Noel. – Lips estava mais alto, mais encorpado.
___ Quem realmente é você Lips? Perguntou Papai Noel – E que lugar é esse? O que você pretende me trazendo aqui?
___ Sou o que vocês chamam de monstro ou criatura das trevas. Cansei de ver as crianças felizes, brincando com esses presentes, se tornando adultos honestos. Resolvi então interferir nisso, como não posso matá-lo, sendo que você é o fruto da imaginação das crianças, resolvi prendê-lo aqui e assim ver você sumir dia a dia. Amanhã as crianças estariam muito decepcionadas. Aqui você terá apenas a companhia de minhas filhas e a minha própria, às vezes eu recebo alguns convidados, não muito atraentes.
Papai Noel olhou em direção das renas e elas não estavam mais lá, apenas quatro jovens, cimentas, tinham os corpos tatuados Lucy apresentou-se a si e as suas irmãs:
__ Sou Lucy. Filha de Lúcifer. Essa aqui é Sati, filha de Satã, Hell, como o próprio nome já diz é filha do inferno e Dem é a filha do demônio, todos são a mesma pessoa, nosso pai Lips. Filho do primeiro e mais puro mal existente na terra, o intocável. Nosso pai se instalou na fabrica para destruí-lo, anos se passaram, mas enfim ele conseguiu uma forma. Amanhã muitas crianças se decepcionarão com a falta de presentes e pouco a pouco vão tirar sua existência da cabeça e será seu fim. Agora entre na sua “casinha”, disse isso e apontou para jaula.
Num casebre, havia uma senhora e seus filhos. O mais velho andava rebelde, com oito anos era o aluno mais malcriado da escola e não queria mais saber de estudar, a mãe preocupada resolveu então conversar com seu filho.
___ Daniel! O que esta havendo com você meu filho, você mudou muito desde o começo do ano, antes era um menino tão bonzinho, estudioso, agora não liga mais para os estudos e sempre responde aos mais velhos, sem falar que anda metido em brigas na escola. Desse jeito você não vai ganhar presente do Papai Noel…
___ Papai Noel? Papai Noel é uma farsa. Ano passado fui o mais bem comportado dos meninos e não ganhei nada, nem mesmo a simples bola de capotão que havia pedido. Ele não veio, não desceu pela nossa chaminé, não deixou o presente de natal nas nossas meias, ele é uma mentira uma farsa.
___ Daniel. Eu já lhe expliquei que as renas adoeceram, Daniel volte aqui…
Os irmãos mais novos olhavam Daniel sair chorando enfurecido um deles abraçado a mãe disse:
___ Ele tem razão mamãe, Papai Noel não existe, mas, isso não é motivo para ser rebelde como meu irmão, não fique triste um dia ele vai entender.
Anos se passaram e no centro da Terra…
Papai Noel estava sentado na jaula, não era mais a mesma pessoal e antes, estava bem mais velho, rezava para que Deus o ajudasse a sobreviver mesmo que em poucas mentes, Lips dava uma festa comemorando mais um natal sem Papai Noel. Estavam presentes as mais terríveis criaturas, suas filhas faziam uma orgia particular com viciados. Jovens que haviam atraído para o centro da Terra.
___ Não entendo como você ainda existe Noel, você está cada vez mais fraco e quando penso que irá sumir, você encontra forças. Como pode isso? – disse Lips se aproximando.
___ Lips. Você me prendeu, não prendeu a imaginação das criancinhas. Elas são puras e graças a pessoas solidárias como aquele rapaz Daniel, elas ganham presentes de Natal. Enquanto existir o amor à doação, eu existirei, e cada vez mais estarei forte e nem o mal mais puro conseguira corromper a ingenuidade e a imaginação das crianças. Hohoho. Meu caro, feliz Natal Lips!
Ambos permaneceram ali sentados com seus pensamentos, o bem e o mal.
Debby Lenon estudou letras e é escritora
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*-*
Meninos, fico imensamente feliz em saber que meus contos agradam tanto vocês.
Confesso que nas últimas semanas tenha avaliado minha capacidade de escrever, pois o reconhecimento é tão pouco que me pergunto se sou realmente capaz.
Só o fato de poder divulgar meus trabalhos aqui e ler esse tipo de comentário me traz a satisfação que procuro.
Edu, minha mente é criativa, mas sempre fico na duvida se consigo ou não passar a ideia aos leitores, pelo jeito eu consegui sim. Esse conto é antigo, sempre quis mostra-lo para as pessoas na época de Natal.
beijos
Debby, você tem que levar em conta que o brasileiro tem uma imensa preguiça de escrever, mesmo que seja um comentário de duas linhas.
Na empresa que trabalho, sempre escuto comentários elogiando o blog e muitos dos textos nele publicados, mas quando questiono aos elogiadores sobre o porque não escrevem estes comentários aqui, a resposta é sempre a mesma:
_ Giba, tenho preguiça de escrever.
Lembre-se que o Brasil não é um país de leitores e muito menos um país de escritores e comentaristas.
Seus textos são ótimos, pode ter certeza disto.
Beijos
Giba
Não tenho descrição para esse momento de tanta inspiração e transpiração, que viagem é essa!!!!!!!!
Debora, Parabéns.
Você tem uma mente e tanto para criar tais criaturas e conservar o bom entendimento da História.
Me senti participando dessa batalha, o bem sempre vence o mal mas dessa vez foi dificil.
Cada dia vc está confirmando o que no primeiro transbordava, o dom da palavra.
Sem maiores detalhes!!!!!!!!!!!!!
Edu, concordo com você.
E é por este motivo que eu apoio seu projeto de fazer o filme com os contos da Débora.
:)
Muito obrigada Eduardo
beijos