Mesmo possuindo formação cultural muito superior à de seu “padrinho político” e antecessor, no trono do Planalto, Lula da Silva, a presidente Dilma têm revelado certa dificuldade em traduzir com palavras coisas que lhe passam pela cabeça, revelando, por vezes, falta de coerência e de “traquejo” na forma de se expressar. Referindo-se à morte de Muammar Kadhafi, ex-ditador da Líbia, Dilma disse que não se deve comemorar a morte de qualquer líder.
Suponho que a chefe de estado brasileira quis dizer, na verdade, que não se deve comemorar a morte de qualquer ser humano. Se o que ela disse for interpretado ao pé da letra, é inevitável concluir que na sua concepção a morte de outra pessoa qualquer, que não seja um líder, até pode ser comemorada. Isso parece não ter grande importância, podendo até passar despercebido pela maioria das pessoas.
Só que não é bem assim. Não se pode esquecer que existe um dever de gratidão da presidente Dilma, por motivos óbvios, para com o ex-presidente Lula, que sempre revelou simpatia a todos os ditadores ainda remanescentes do século 21, entre os quais Kadhafi, que costumava estender tapete vermelho, no seu Palácio dos horrores, para receber Lula e sua comitiva presidencial, de quem sempre foi alvo de rasgados elogios e calorosas manifestação de apreço.
Por outro lado, essa posição “ em cima do muro” de Dilma, dando a entender que a morte do ditador líbio merece ser reverenciada, vem a calhar, de alguma forma, com a posição assumida por Hugo Chávez, – amigo confesso de Lula e Dilma – que lamentou publicamente a morte de Kadhafi, considerando-o um mártir.
Por essas e por outras atitudes que batem de frente com posições assumidas pelas outras democracias do mundo, os oito anos de mandato do presidente Lula e a ainda incipiente gestão da presidente Dilma Rousseff têm colocado os quase 200 milhões de brasileiros numa “saia justa”, diante de acontecimentos marcados pela queda de ditadores cruéis, cujas mortes, quando é o caso, se não devem ser comemoradas, em respeito ao ser humano – se é que como tal merecem ser considerados – também não devem ser lamentadas, em respeito àqueles milhões de homens, mulheres e crianças que tiveram suas vidas destruídas pelas mãos sanguinárias dessas bestas humanas, que entram para a história como verdadeiros carrascos da humanidade.
Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.
Oh, gente. Vamos ler o mundo a nossa volta. Dizer que o “Lula (…) sempre revelou simpatia a todos os ditadores ainda remanescentes” é uma leviandade. Sem procuração para defendê-lo, vimos um batalhão de gente querendo o tal do 3º mandado que ele declinou prontamente, justamente por respeito às instituições republicanas do Brasil; pelo mesmo respeito às instituições, posicionou o país contra o golpe de derrubou o presidente de Honduras – não por estar do lado do Zelaya, mas porque maus governos têm de ser derrubados pela via democrática, nas eleições.
Outra coisa: por favor, leiam a minha primeira contribuição nesse blog. Valores como democracia, república, liberdade, igualdade, solidariedade não conquistas da nossa civilidade, das quais não abriremos mão em hipótese alguma! Não existe esse papo de o que seria melhor ditatura A ou B! Perdeu o juízo?
No mais, um abraço aos “cidadãos de centro”.
Essa é a verdade, Giba. Nenhum esquerdista resistiria um debate com um cidadão de centro, na TV, em que fosse permitido a ambos os debatedores trocar perguntas à vontade; Eu, por exemplo, perguntaria ao meu protagonista vermelho se ele acha que o Muro de Berlim devia permanecer de pé até hoje, se o Fidel Castro faz bem em não permitir alternância no poder em Cuba, se a China tinha razão quando executou estudantes com tiros na cabeça, no chamado massacre da Praça da Paz Celestrial e outras atrocidades próprias do comunismo. Se respondesse favoravelmetne a essas aberrações, estaria se confessando um monstro desumano. Se respondesse negativamante, cairia numa tremenda contradição por se dizer militante de um partido que representa tudo isso. É a velha história: contra fatos não há argumentos.
Flavio, sei que a ditadura militar cometeu alguns abusos, porém a ditadura que o pessoal da Colina queria que fosse implantada aqui é igual a de Cuba, que eu acredito seja bem pior.
Em um país com desenvolvimento agricola e industrial como o nosso, há fome, falta de educação, falta de cultura e falta de comida, apenas para começar.
Agora imagine se aqui tivesse sido implantada a ditadura do proletáriado.
Seriamos uma Cuba, onde a maior parte da população não pode ter um celular, ou dvd, ou ter acesso a internet.
Ou você preferiria que nós fossemos uma Albânia, falida, saqueada até o último centavo por aqueles que pregavam a solução do mundo atraves do socialismo.
Os líderes da URSS viveram da melhor forma possível, inclusive impoortando perfumes e bebidas da Europa, entre outros benefícios, porém a população não tinha direito ao básico.
Eu pergunto a você e ao Tiago:
-Seria melhor enfrentarmos uma ditadura militar, onde você podia trasbalhar e com o dinheiro ganho podia comprar imoveis, abrir uma empresa, e até escolher os candidatos a vereador, deputados, senadores. Ou seria melhor um regime ditatorial de verdade, como o de Cuba, Albania, Iraque, Alemanha Oriental, Moçambique?
Se estes Herois hoje estão assaltando os cofres públicos em um regime democrático, imagine se eles tivessem conseguido implantar o comunismo por aqui, logo ele seria transformado em totalitarismo e deixariam o nosso país na pior situação financeira do planeta.
Esta é minha opinião, baseada em fatos históricos.
E não esqueça que os regimes de esquerda também fizeram seus mortos e torturados.
Um grande abraço
Tiago, gostaria de saber em que ponto “nós” não respeitamos a inteligência dos leitores, em especial a sua inteligência.
Abraços
Giba
Tiago, essa é uma das “vantagens” da democracia. Temos até hoje pessoas que defendem a ditadura militar em nosso país.E com argumentos totalmente esfarrapados, dizendo que o “chumbo” era nos bandidos! E não adianta argumentar, pois eles “viveram” nessa época, participaram do movimento! E tudo que dissermos ao contrário não vale nada. É a verdade sufocada… Temos que rir para não chorar…
Meus queridos, respeitem a inteligência dos leitores…
Diga em que a inteligência dos leitores foi desrespeitada, para a gente se explicar. Afinal, lidamos com a ferramenta da verdade e topamos qualquer esclarecimento que se fizer necessário. Não nos reportamos aqui usando o combustível do “ouvi dizer”, mas com fatos que saltam aos olhos de todos. Grato pela participação, mas volte sempre porque o amigo é muito bem vindo.
Lino, seu texto me remete a história do Brasil, durante o regime militar e eu lhe faço a seguinte pergunta:
– Durantes os atos terroristas e assaltos a banco praticados pelo grupo Colina (Comando de Libertação Nacional), em que Dilma era uma das integrantes, quantas mortes de inocentes, entre eles vigilantes de banco, clientes e transeuntes não foram comemoradas por ela e seus “companheiros” de luta armada?
Excelente lembrança, caro Giba. É de mentes como a sua, que têm consciência do que é gesto de humanidade e o que é cinismo para inglês ver, que o Brasil precisa. Ninguém pode falar em democracia, brindando taças de champanha com ditadores, nem ostentando símbolos de regimes tiranos, como o que o ministro Orlando Silva – em meio ao fogo cruzado – ostenta, dizendo que as acusações como as que são feitas contra ele atentam contra a democracia. Que democracia? A do Muro de Berlim ou a da Ilha presídio da Família Castro, que coaduna com o partido do ministro ?