Ivani de Araujo Medina

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Eis uma pergunta maldosamente formulada, pois nada é mais indesejável do que o aborto na vida de uma mulher. No entanto, é assim que a questão é colocada. Numa perguntinha maldosa porque finge não haver opção entre a indiferença e a valorização da vida humana, como se fosse assim. Velhacaria pura.

Por quê?

Porque é muito fácil colocar o dedo na cara do outro, mas muito difícil assumir a responsabilidade da criação e educação de uma criança. Ainda que muitos casos não passem pelo que vou dizer, na suposição de que as pessoas “contrárias” ao aborto se dispusessem ao ônus do amparo de uma vida, seria uma possibilidade a se estudar. Milhares de crianças chegariam ao mundo com o possível garantido.

Desses bilhões que reclamam “contra” o aborto, por suposição, quantas pessoas se disporiam a isso por coerência a própria fé religiosa? Será que cobriam a demanda? Duvido. Se nada disso acontece e tampouco se cogita, como se pode censurar e ainda mais criminalizar a decisão de uma mulher que passa por experiência tão dolorida?

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Dessa hipocrisia porca ainda são feitas as nossas leis, enquanto milhares de mulheres morrem anualmente por falta de assistência adequada para satisfazer o crivo religioso. Isto é valorizar a vida? Não. Isto é valorizar demais a crença religiosa e as mentiras que a promove em detrimento de tudo como sempre aconteceu.

Nada a ver com ser contra ou a favor. O Estado nem alguém vai perguntar depois a esses milhares de parturientes se está lhe faltando alguma coisa. Seja materialmente, emocionalmente ou qualquer outro tipo de carência comum nesses casos. Elas que tenham fé em Deus e se virem como puderem.

Portanto, a decisão do aborto compete exclusivamente à mulher.

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